Ensaio da Perturbação do Conhecimento.

outubro 21, 2023 Por Fabiano Moreno Off
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O livro sagrado lido por mais de três bilhões de pessoas no mundo, expressa estranhamente em seu terceiro capítulo do livro “O início”, cita a expulsão do homem do paraíso.

O motivo crucial citado foi pela desobediência a Deus criador, a teologia pouco escava sobre o que desobedeceram, acredito que seja pelos seus limites éticos, limites que estão fora do meu numerário, pois eu digo, a desobediência foi pela busca do conhecimento

Simbolismo do Fruto do Conhecimento

A proibição é o fruto, alegoria para simbolizar algo que seja possível alimentar, assim como o conhecimento, a gnose, o yada, podemos alimentar-se; Aliás, quem não se alimenta do tal fruto tem a tendência de atrofias das mais diversas, por isso a alegoria do fruto.

Mas é a questão da origem do fruto que perturba a interpretação: “não comam do fruto, da árvore do conhecimento, do bem e do mal”; conhecer o bem e o mal não seria vital para a sobrevivência humana até então? Conhecimento não incutiria acessos e verdades a respeito da vida? Porque Deus proibiu os filhos da sua criação de alimentar-se deste conhecimento? Indagações perturbativas!

Quando o conhecimento nos falta, chamamos o pensamento.

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Adão e Eva foram expulsos do paraíso porque adquiriram conhecimento

A literalidade textual interpretada por alegoria produz um cenário de muito significado, enquanto em estado de ignorância ou inocência a respeito do conhecimento o paraíso era perfeito, e o criador sabendo da capacidade da produção dos pensamentos humanos a partir do conhecimento, protegeu o homem com ordem, não coma!

O homem com pulsões e em busca de respostas, ouviu a própria serpente desse “mal” de querer saber que existe dentro de nós, o paraíso; 

Essa existência interior onde tudo habita, Deus, serpente, Eu, com todas pulsões e desejos nos faz viver no paraíso da existência com base no conhecimento propositivamente limitado, paraíso porque quanto menos conhecimento, menos pensamentos que saltam nas dimensões existenciais, quanto menos se sabe, menos se sofre, pelo simples fato que os parâmetros de todos os níveis são equiparados às limitações das comparações da vida, sendo, o limite do pensamento é igual o limite do conhecimento, e o limite do conhecimento gera o limite do comportamento

Os limites da astronomia nos fez habitar em crenças limitantes a respeito da vida, a terra já foi plana e o centro do universo, o sol que se movimentava em nossa volta, o sistema solar era o cerne de todo conhecimento interplanetário, surgiu o saber da via láctea, identificaram o buraco negro, e o universo se expande, muitas galáxias, bilhões de planetas, se busca vida fora da terra. 

Percebe-se que o conhecimento são como degraus que subimos ou descemos, sempre com limitações de portas a desbravar entre os andares, quanto mais fundo vamos, mais limitações, mais se busca, mais se perguntas, mais se revê o conhecimento passado.

O que queremos? um paraíso na ignorância ou expulsão o tempo todo de nossos jardins de delícias por causa do conhecimento? 

Quem vive em suas limitaçoes do saber não está errado e não deve ser merecedor de críticas, afinal, existe um paraíso para cada limite de conhecimento, que vivam em suas crenças, saberes e modos, o fruto do bem e do mal ainda existe, está disponível, vale a penas dele se alimentar?

Não para aqueles que vivem plenos em seus paraísos, e sim, para aqueles que querem o risco das expulsões da existência pacífica, tendo que plantar, colher, ter dores e muito suor por causa do conhecimento adquirido, pensamentos excedentes, rever crenças, desfazer saberes, ressignificar relações, convívios,  subir ou descer degraus sempre irá gerar metaforicamente essas dores e suores do gênesis;

Uma vez saído de um paraíso, ele estará lacrado, sem volta, logo, cada um queira o paraíso que lhe apraz. 

As “évas” da vida, ás “havah”, literalmente “respirar”, são os seres humanos insaciáveis pelo saber, e são os que mais sofrem, pois mais buscam, pois mais conhecem, pois são mais expulsos de seus paraísos. 

Teologicamente, a única busca incansável deveria ser “prossigamos em conhecer o Senhor”, que nos levaria a uma espiritualidade transcendente. Filosoficamente, a busca de respostas existencias, “quem somos?”, “de onde viemos?” e “para onde vamos?”certamente está longe de ser respondida, apesar de ajudar e muito em conceitos da vida.

Cientificamente, o único conhecimento possível é o “saber matemáticamente replicáve”. Admirável são aqueles que tem a restrita capacidade de unir esses três pilares que expulsa qualquer um de qualquer paraíso da existência humana.

Escolha cada um o seu.

respirando,

Fabiano Moreno, primavera de 2023.